Os trabalhos de colheita da soja em Mato Grosso começam a avançar e com eles uma crescente preocupação quanto a renda das lavouras. Tal aflição decorre da baixa produtividade média verificada diante do encurtamento do ciclo de maturação provocado pelas adversidades climáticas. Em Jaciara, região sudeste do estado, tem produtor colhendo apenas 20 sacas por hectare em média.
Em Jaciara, o agricultor Murilo Degasperi Fritsch iniciou o plantio dos 3,6 mil hectares de soja este ano com bons volumes de chuva. Contudo, no momento crucial do ciclo da cultura as chuvas desapareceram. A falta de umidade no solo comprometeu o desempenho das primeiras áreas semeadas e o otimismo do produtor.
“Choveu bem em setembro e outubro, e aí em novembro de repente uma seca. Mais de 20 dias sem chuva, temperaturas altíssimas. Coisa que nunca aconteceu na nossa região. De oito a dez graus acima da média. Muito calor. O resultado é esse, soja onde muitos pés morreram. Um resultado bem complicado, diferente dos últimos anos”.
Conforme Murilo, a soja em si está “bonita, está bem carregada de vagem”. Entretanto, ao abrir as vagens ao contrário de se encontrar um grão robusto, se vê um grão “bem miudinho ou não tem grão, porque a seca pegou bem na fase do enchimento de grão. O grão não encheu, não formou”.
Encurtamento de ciclo da soja
Forçada pela estiagem, cerca de 20% da lavoura cultivada por Murilo teve o seu ciclo adiantado. A colheita, de acordo com o agricultor, vem apresentando médias de produtividade bem abaixo do esperando, o que o deixa apreensivo em relação à rentabilidade da safra.
“Pela época de plantio, ser uma variedade superprecoce, o planejado era para colher na virada do ano, mas por conta desse fenômeno El Niño, esse ano foi totalmente atípico. A produtividade está na faixa de umas 20 sacas por hectare. Aqui era uma lavoura que a gente esperava cerca de 70 sacas”.
Segundo o agricultor Giovanni Fritsch, nesta safra 2023/24 ele acredita que deverá colher no mínimo 30% a menos do que na temporada passada na mesma área.
“E, o preço também não está ajudando muito. Está meio baixo. Então eu acredito que se pagar as contas, já vai estar mais ou menos bom. Torcer para não levar prejuízo”.
Esperança na segunda safra
Os produtores salientam que a esperança da propriedade em Jaciara, para minimizar o prejuízo da soja, está nas culturas de segunda safra: o milho e, principalmente, o algodão, que já começou a ser cultivado nas áreas colhidas.
“Agora tem que torcer para que a próxima cultura, que é o algodão, dê uma boa produção e lá na frente ainda consiga vender por um preço bom, razoável para tirar um pouco do prejuízo da soja”, diz Giovanni.
Mapa estuda medidas para auxiliar em MT
Na manhã desta segunda-feira (18), o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, anunciou que a pasta irá estudar medidas que auxiliem os produtores de soja em Mato Grosso diante da baixa produtividade média provocada pelas adversidades climáticas.
De acordo com o ministro, a decisão foi tomada após relatos de produtividades médias entre 10 e 20 sacas por hectare chegarem ao Ministério.
Em vídeo, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, classificou a situação vista em Mato Grosso como “grave” e “muito preocupante”.
“Vamos imediatamente chamar as nossas equipes técnicas e iniciar os debates e trabalhos com as autoridades mato-grossenses e com os produtores para que possamos tomar medidas excepcionais. Um momento de excepcionalidade reque excepcionalidade. E, é isso que vamos estar fazendo para minimizar os impactos a esses produtores e para a economia do estado”.
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