Além de reduzir custos com a adubação de lavouras e pastagens e melhora na produtividade, o uso de efluentes industriais pode ser benéfico para a sustentabilidade. Segundo especialistas e produtores rurais, a água “reciclada” é rica em nutrientes.
A Fazenda Boitanga, em Tangará da Serra, é um exemplo quanto ao uso de resíduos frigoríficos para fertirrigação e compostagem. O assunto é o tema do segundo episódio da nova série do Canal Rural, MT Sustentável.
Localizada próxima a zona urbana de Tangará da Serra, a propriedade há mais de três décadas é conhecida pela qualidade do rebanho bovino. Atualmente são 2,5 mil cabeças criadas à pasto com terminação intensificada no cocho.
A produção de grãos também tem espaço. São 700 hectares de plantio, tendo a soja como primeira cultura, e o milho e sorgo em sucessão, sendo os dois últimos para consumo da criação da própria fazenda.
Mas, uma nova paixão vem tomando forma há cerca de 10 anos na propriedade: a produção de laranja.
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Hoje, segundo o produtor rural Renato Mauro, são 80 hectares com citricultura irrigada. Contudo, a irrigação por lá não é uma irrigação comum.
A água que irriga o pomar sai de um córrego que passa dentro da propriedade e é bombeada até um frigorífico, localizado a cerca de sete quilômetros. Lá a água é utilizada no processo industrial e retorna para a fazenda carregada de nutrientes para a fertirrigação.
De acordo com Renato, a parceria com a unidade industrial surgiu em 2013.
“Essa troca foi muito interessante. Pro meio ambiente, principalmente. A gente está deixando de lançar uma água suja nos rios, que é de onde fazemos a captação de água da cidade, e ao mesmo tempo eu estou emprestando a minha água que vai limpa e volta não suja rica em nutrientes”.
Renato destaca ainda que a partir de tal riqueza de nutrientes se consegue produzir uma fruta e uma pastagem de melhor qualidade, além de desenvolver uma sustentabilidade que seja interessante economicamente também.
Testes com efluentes são periódicos
Os resíduos sólidos que vão para a fazenda vão para a compostagem. São em média 30 toneladas por dia, que depois de pronto, o adubo orgânico vai para o pomar, a pastagem e a lavoura.
Todo o processo na Fazenda Boitanga é acompanhado pelo engenheiro agrônomo e consultor ambiental Décio Siebert.
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De acordo com Décio, o uso dos efluentes exige monitoramento. Periodicamente são realizados testes, como medição da velocidade de infiltração da água no solo e outro que extrai água de profundidades diferente para análise, bem como teste de profundidade do lençol freático.
Conforme a legislação, a fertirrigação com efluentes industriais só é permitida em locais onde o lençol freático está a mais de um metro e meio de profundidade.
“São feitas essas avaliações para exatamente saber se está ocorrendo ou não a percolação, ou seja, a infiltração no solo de elementos químicos que estão presentes nesse efluente que é aplicado. É utilizar de forma sensata, de forma racional e de forma sustentável. Além de fornecer nutrientes, fornece água e reduz a necessidade de utilização de produtos químicos”, explica o engenheiro agrônomo.
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