MT SUSTENTÁVEL

Pesquisa busca produzir algodão em sistema agroflorestal em Mato Grosso

Estudo com o algodão tem como intuito proporcionar uma nova alternativa de renda para a agricultura familiar

Algodão consorciado com floresta. Este é o intuito de uma pesquisa pioneira no Brasil realizada pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que tem como objetivo dar nova alternativa de renda para a agricultura familiar.

O cultivo é realizado na Fazenda Experimental da Universidade, município de Santo Antônio do Leverger, na região metropolitana da capital Cuiabá, em um pequeno talhão de meio hectare.

São cinco linhas de árvores, com espaçamento de mais ou menos 15 metros, e, entre elas, uma lavoura de algodão, que depois de colhido dará espaço para outra cultura.

A produção de algodão em sistema agroecológico é livre de defensivos químicos e tem um mercado certo, segundo especialistas.

A pesquisa é realizada pelo Centro Vocacional Tecnológico da UFMT, cujo objetivo é desenvolver tecnologias de produção agroecológicas para a agricultura familiar. A coordenação é do professor Henderson Nobre, mestre em agroecologia e desenvolvimento rural.

Henderson conta ao programa MT Sustentável, desta semana, que a pesquisa na baixada cuiabana e no bioma do cerrado surgiu da demanda de uma grande empresa do setor varejista brasileiro.

“Essa empresa varejista tem interesse em desenvolver um produto baseado na inclusão dos agricultores familiares e na criação de uma cadeia com mais sustentabilidade aqui no cerrado. Por conta disso, a gente se associou com a Farfarm, em demanda com essa grande empresa, para construir a tecnologia e também iniciar o processo de desenvolvimento da cadeia aqui na Baixada Cuiabá”.

Dois anos e resultados otimistas

A pesquisa é desenvolvida no local há dois anos e, de acordo com o professor auxiliar e doutorando no programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical, Rafael Leite Brandão Laranja, já apresenta resultados otimistas.

“Avançamos muito nos tratos culturais do algodão. Hoje a gente consegue plantar algodão, trabalhar com o solo, produzir o algodão sem nenhum tipo de insumo químico e conseguimos ter uma produtividade razoável comparado com o plantio convencional”, diz Rafael ao MT Sustentável.

Quanto à visibilidade econômica, o professor pontua que ainda é cedo para tirar qualquer conclusão. Ele explica que por ser uma agroflorestal é preciso considerar aspectos como, por exemplo, a produção de frutas e de madeira que o sistema pode oferecer. Para isso, a pesquisa deverá durar pelo menos cinco anos.

Contudo, o algodão cultivado no Centro Vocacional Tecnológico da UFMT já possui um diferencial que agrega valor.

“O algodão produzido dentro de uma lógica agroecológica, agroflorestal, é um algodão de luxo. É um algodão rico que tem um preço maior do que o algodão convencional. Nós produzimos aqui de uma maneira sustentável, de uma maneira que a gente possa agregar um valor a esse algodão, para que o agricultor, diante de uma área menor, no final possa vender esse algodão com um preço mais vantajoso”, diz Rafael.

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