A reserva ecológica Cunhataí Porã, no município de São José do Rio Claro, no médio-norte de Mato Grosso, possui três mil hectares de vegetação nativa. O local que antes ia ser destinado para a pecuária, hoje é um paraíso para observadores de pássaros e animais silvestres.
Na semana passada o programa MT Sustentável contou que há cerca de 10 anos o empresário Iraceldo Luiz de Cezaro, mais conhecido como Gauchinho, adquiriu uma área, mas decidiu explorar a mesma de outra forma. Inicialmente, o intuito era desmatar e transformar para a pecuária, contudo ele e sua família viram na área o potencial para o ecoturismo.
Gauchinho conta que quando adquiriu a propriedade havia uma área aberta para a criação de carneiros. O local foi reflorestado com árvores frutíferas da própria região para atrair e alimentar pássaros e animais. E eles aparecem a todo instante.
Em vários pontos da reserva foram colocados reservatórios de água para que os animais tenham onde beber, principalmente no período da seca. Locais que também receberam estruturas para observação. Os hides, popularmente conhecidos como esconderijos, onde os turistas podem observar os animais e fotografá-los.
Além disso, o empresário instalou câmeras para gerar imagens em tempo real, que podem ser acessadas pela internet. Uma espécie de um “novo conceito de zoológico”, onde o animal é observado livre e em seu habitat.
“Você vai acessar igual uma TV por assinatura. De onde estiver no mundo você vai ver, acompanhar as atividades diurnas e noturnas dos animais aqui da floresta”, explica o empresário.
Instalações reaproveitam materiais descartados
No que tange às instalações da reserva ecológica, o empresário conta que reaproveitou materiais que seriam jogados fora. Os chalés da pousada são feitos de pedaços de madeira que as serrarias transformariam em cavacos.
O mesmo com os vidros. A maioria, frisa ele, são de descarte das vidraçarias. E os móveis, como a pia dos banheiros, vieram de troncos velhos da floresta.
Um dos recentes investimentos na reserva ecológica Cunhataí Porã foi a torre de observação. São 32 metros de altura, o equivalente a um prédio de 10 andares.
Para chegar até o topo da torre é preciso calma para vencer todos os degraus e, principalmente, não ter medo de altura. Do alto dela é possível ver toda a reserva, que somada às outras propriedades vizinhas chegam a aproximadamente 80 mil hectares de floresta.
“Há aproximadamente 500 espécies de aves e mamíferos. Quase todos que existem na Bacia Amazônica temos aqui. Tem a onça preta, a onça pintada, a onça parda. Os primatas também. Aqui tem o parauacu e tem o zogue-zogue, que são espécies raríssimas”, salienta Iraceldo.
Conforme Yasmine Dalabrida de Cezaro, filha do Gauchinho, nas classificações as espécies de primatas zogue-zogue e parauacu são consideradas “espécie em alto risco de extinção”.
Turismo de observadores de pássaros
Yasmine comenta ainda ao programa do Canal Rural Mato Grosso que a reserva ecológica é muito procurada por turistas estrangeiros.
“São observadores, pessoas que gostam de fazer contemplação e observação da vida silvestre como um todo, não só das aves”.
A reserva ecológica Cunhataí Porã, inclusive, já foi destaque no site e-Bird, especializado na observação de aves pelo mundo.
“É um evento que ocorre anualmente. O Big Day ocorre uma vez ao ano e os observadores possuem 24 horas para observar o maior número de espécies e eles observaram aqui e ganharam o primeiro lugar no mundo”, conta Yasmine.
Entre as espécies de aves encontradas na reserva está o Tié Bicudo, considerado criticamente em extinção.
“Calcula-se que não existem no Brasil mais do que 200 exemplares dele. Ele vive aqui nas margens do Rio Claro. Vou deixar a floresta em pé. E estou muito feliz com esta atitude que tomei junto com a minha filha, junto com a minha esposa”, afirma Iraceldo.
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