ESTÚDIO RURAL

Campeão mundial de Ultraman se alimenta apenas de carne há seis anos

O atleta chegou a participar da competição de triatlo de ultra distâncias que testa a força física, mental e emocional em jejum, apenas se hidratando com sais minerais

Quando a alimentação é o assunto, existem várias dietas e estilos de vida. E quando se trata de atletas ela é parte fundamental para que os resultados, tanto durante as provas quanto na recuperação, sejam positivos. Há seis anos, o campeão mundial de Ultraman Alessandro Medeiros mudou a sua e passou a se alimentar apenas de proteína e gordura animal.

100% carnívoro. É assim que Alessandro descreve o seu estilo de vida há seis anos. Praticante do esporte que envolve 10 quilômetros de nado em mar aberto, 421 quilômetros de pedal, além de uma corrida de duas maratonas, o entrevistado do Estúdio Rural deste sábado (1º) comenta que após “eliminar” da sua dieta os alimentos processados e ultraprocessados viu o seu rendimento nas corridas melhorar, bem como a sua recuperação depois das provas.

Sobre a última prova em que participou, ele explica que foram três dias e todo o processo foi feito em cima da estratégia carnívora, como sempre faz. Contudo, com um detalhe diferente: em jejum.

“Três dias para ver como a carne nutre o ser humano”, frisa ele.

O atleta pontua ainda que nenhum outro teria tentado tal feito. “É um feito histórico. Não só no Ultraman, mas em outras provas que eu já participei. Nós quebramos esse recorde de se alimentar somente de proteína e gordura animal e até conseguir pódios e resultados expressivos na performance, porque dizem que precisa de carboidrato para performar e a gente está quebrando esses mitos”.

Apesar de realizar a prova em jejum, Alessandro esclarece que a hidratação ocorreu a todo o momento com sais mineiras. “Só líquidos com sais minerais. Basicamente potássio, magnésio e sódio. Não entra nenhuma caloria aí”.

Novo de hábito alimentar melhora performance

Atleta há 35 anos, frisa que a mudança de estilo de alimentação foi uma decisão positiva. “E sem dúvida nenhuma, o que me ajudou a performar foi eu entender que o nosso corpo não precisa disso. É uma opção”.

Segundo Alessandro, o processo de mudança foi lento até encontrar a melhor estratégia para ele. Todo esse processo, inclusive, faz parte de um projeto cujo primeiro estudo, em cima do seu caso, foi feito pela Universidade de Medicina de Jataí, em Goiás. Um segundo estudo está em andamento e é voltado para a questão do jejum e a dieta carnívora na performance de um atleta.

“Em várias provas e quando eu chego aqui no Brasil fazemos testes, exames para ver como está a minha saúde. Mas, sem dúvida, a nossa principal mensagem é que a evolução humana foi feita se alimentando de animais. Carne e gordura animal. Nós mudamos isso há pouco tempo, a partir da revolução agrícola”.

O campeão mundial de Ultraman conta ao programa do Canal Rural Mato Grosso que quando começou a entender “essa questão de que a gente hoje se alimenta mal”, o primeiro passo foi tirar da sua alimentação e da família os alimentos processados e ultraprocessados.

“Tirei isso da minha alimentação e fui para açougues e feiras, como nossos avós e bisavós faziam. E eu comecei a melhorar, performar melhor, a me recuperar das provas e treinamentos. Tanto que quando virei essa chave eu fiz um desafio pessoal. Corri 10 meses de maratonas em 10 dias seguidos. Eu me sentia energizado e com uma saúde boa”.

Carne possui todos os nutrientes essenciais

Toda a mudança de hábito alimentar e treinamento de Alessandro é acompanhada de perto pela nutricionista Letícia Moreira. De acordo com ela, a carne é um alimento completo, com todos os nutrientes essenciais como gordura e proteína.

Ela frisa ao Estúdio Rural que muitas vezes as pessoas possuem na mentalidade que carne é apenas a carne bovina. “Mas, a dieta carnívora é muito mais do que isso. Ela, na verdade, tem vários espectros. Ela é um leque de opções”.

Conforme a nutricionista, a dieta carnívora pode ser utilizada de várias formas. Entretanto, existem três formas que são mais conhecidas. A Animal Based é composta de uma alimentação 85% de proteína animal (todos os tipos de carne, ovos e lácteos) e 15% de vegetais (vegetais e frutas). Já a Carnívora Clássica são todos os alimentos de origem animal e 2% de alimentos de origem vegetal. A terceira é a Lion Diet ou carnívora estrita que consiste em comer apenas carne, água e sal.

“Então esse espectro depende muito do indivíduo, de como ele pode se adequar e depende muito se ele tem alguma doença, porque a dieta carnívora estrita, por exemplo, é uma dieta terapêutica, ela é uma dieta de tratamento. Então quando o paciente vem até o profissional ele precisa entender todos esses aspectos e qual dessas estratégias vai se adequar mais ao paciente”, explica.

A especialista salienta ainda que todos os nutrientes encontrados na carne são biodisponíveis. “Ou seja, o nosso corpo consegue absorver de forma muito mais otimizada, diferente de só o consumo de vegetais, por exemplo. E numa porção, digamos assim, menor, você fica nutrido e com todos esses alimentos, todos esses nutrientes sendo absorvidos de forma melhor”.

Entre os nutrientes encontrados, principalmente na carne bovina, destaca a nutricionista, estão o ferro, vitamina B12, além dos ômegas (ômega 3, ômega 6, ômega 9).

“Hoje a gente tem aí uma série de aminoácidos. São 21 aminoácidos, nove deles a gente só vai conseguir na alimentação. E a carne, ela é rica em todos esses aminoácidos essenciais. A gente tem as gorduras também. A gordura, apesar de ser tida como algo ruim, não é ruim. A gente precisa de gordura. E algumas carnes, por exemplo, que tem mais marmoreio, tem até a gordura monoinsaturada, que são aquelas gorduras que a gente também encontra em alguns vegetais. Então, as propriedades nutricionais da carne, ela é muito vasta”.

O acompanhamento de um profissional nutricionista é fundamental na hora da mudança de hábito alimentar, principalmente se a pessoa possui alguma condição especial, pois o mesmo irá adequar conforme a necessidade da pessoa.

“Tem todo um processo de transição, porque quando você sai de uma dieta convencional e vai para uma dieta carnívora, o seu corpo precisa buscar uma nova via metabólica, que é a via da gordura. Esse processo transitório leva um período”.

Sobre o trabalho desenvolvido com Alessandro Medeiros, Letícia salienta que a missão é buscar dados e ciência para dentro do Brasil, uma vez que fora do país há inúmeros estudos e pesquisas em andamento sobre a dieta carnívora.

“O Alessandro tem uma atividade extremamente extenuante que a maior parte das pessoas não faz e está se beneficiando. Então, você imagina uma pessoa que vai na academia apenas, que tem uma vida normal, como essa pessoa também vai se beneficiar com o consumo maior de proteína animal. Hoje, o nosso nicho de trabalho é com relação à melhoria da performance”.

A profissional revela acreditar que “nessa contribuição nossa vamos conseguir ter uma melhora muito significativa na saúde de toda a população, e, principalmente, com a carne aqui do Brasil, que é a melhor carne do mundo”.

De acordo com Letícia, “ter o Alessandro como um atleta brasileiro, a carne brasileira como campeã, eu acho que isso vai impactar o mundo inteiro. E a gente vê que as pessoas estão começando a criar aquela dúvida. Porque temos o veganismo com muita força e as pessoas começam a ter essa dúvida. Poxa, será que uma dieta carnívora, será que o consumo maior de carne também não pode nos trazer saúde, porque a carne é tão difamada? A gente tem que desmistificar. Então é isso que a gente faz. É trazer conhecimento, munir a população de conhecimento, entender que a carne é um alimento essencial para nossa dieta”.

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