As constantes oscilações e falhas no fornecimento de energia elétrica no campo estão trazendo inúmeros prejuízos para as granjas de aves e suínos de Mato Grosso. Além dos custos extras com a compra de geradores improvisados, tem propriedade com registro de perdas de aves causadas pelos transtornos.
Itamar Canossa é um dos produtores que sofrem na pele os problemas causados pela deficiência no fornecimento de energia elétrica para o campo. A propriedade de 25 hectares tem duas granjas instaladas, sendo uma de suínos com um plantel de 18 mil animais alojados e outra de frangos com 40 mil aves.
Além de aparelhos eletrônicos e lâmpadas constantemente queimados, as perdas de bombas de poços artesianos somam-se aos prejuízos.
“O que mais preocupa é a queima de bombas de poços artesianos e semi-artesianos que leva a água para o animal, o ventilador, o nebulizador que é o que dá aquela sensação térmica adequada, aquela temperatura adequada para o animal. É o que causa maior perda dentro de uma propriedade rural”, diz Itamar Canossa ao programa Patrulheiro Agro desta semana.
O produtor conta que em uma tarde de sábado chegou a perder 1,5 mil aves visto a falta de energia elétrica em um período de uma hora.
“Eram aves de 25 dias. Se fossem aves de 45 dias ou ao ponto de carregamento, com certeza eu estaria aqui falando de dez a 15 mil aves mortas. Para manter as duas granjas livres de um risco desses, a granja investiu aproximadamente R$ 1 milhão com a geração de energia própria”.
Conforme Itamar Canossa, tal geração de energia elétrica própria atende basicamente o essencial das granjas, que são a água para os animais beberem e a climatização.
“Então, você tem um desperdício financeiro no qual às vezes você não tem. Você tem que recorrer a bancos, instituições financeiras para poder comprar e investir. Poderia estar investindo em uma ampliação e uma produção de proteína maior”, frisa ele ao Canal Rural Mato Grosso.
Granjas fecham as portas
Nos últimos dois anos 23 aviários fecharam as portas na região de Sorriso, e a tendência, segundo Itamar Canossa, que também é presidente do Fórum Agro MT, é de que mais granjas entrem na estatística.
“Não proporcionou o lucro desejado para o produtor e ele se endividando preferiu fechar a granja do que se afundar mais em dívida. É essencial você ter energia e de boa qualidade. Sem energia e sem uma boa qualidade, você não consegue exercer a atividade da suinocultura e nem da avicultura”.
De acordo com o prefeito de Sorriso, Ari Lafin, há informações de problemas de oscilações e falhas no fornecimento de energia elétrica até mesmo em confinamentos bovinos.
“A questão da capacidade energética é um dos principais temas do nosso município e estamos buscando sempre um diálogo com a Energisa, buscando fazer com que eles entendam que nós necessitamos de capacidade para dar condições de produtividade para os nossos produtores, principalmente na terceira safra no que diz respeito aos irrigados”.
Ari Lafin comenta ainda que recentemente estiveram na Eletronorte em Brasília (DF) reforçando a importância da subestação de Sorriso, que “precisa ser urgentemente remodelada e precisa receber uma capacidade de transformação o mais rápido possível”.
“Estamos quase de joelhos pedindo à concessionária e aos próprios governos que nos ajudem a fazer com que esse problema seja solucionado o mais rápido possível”, diz o prefeito em entrevista ao Canal Rural Mato Grosso.
Energia elétrica é vital para a irrigação
De acordo com a Associação dos Produtores de Feijão, Pulses, Grãos Especiais e Irrigantes de Mato Grosso (Aprofir-MT), o estado é o terceiro maior produtor de feijão do país e a irrigação é essencial, uma vez que o período de seca já está em vigor e o grão é uma cultura que necessita de muita água.
“No período de junho a gente está entrando na fase que a planta precisa de 18 a 20 horas de irrigação e um dia, dois dias sem conseguir irrigar compromete realmente a safra, tanto na produtividade como pode trazer uma perda de safra, e consequentemente uma falta desse grão no mercado consumidor”, pontua a assessora de energia da Aprofir-MT, Luciana Miyabaiyashi.
Assessor para assuntos institucionais da Energisa, Luiz Carlos Moreira Júnior, frisa que “temos a consciência da Energisa fazer um bom trabalho para poder contribuir para o desenvolvimento de Mato Grosso e nós não vamos desmobilizar até que a gente conclua essa tarefa”.
Ainda segundo ele, a concessionária já realizou as substituições de postes, fez limpeza de faixas e substituiu reguladores de tensão.
“Também tivemos problemas de furtos de equipamentos, mas não deixamos nenhum momento de estar mobilizados e ficar atento a tudo que está acontecendo. Além dessas ações de curto prazo, a gente também olha para o futuro, nós vamos construir uma subestação nova em Sorriso, nós estamos trocando o transformador da subestação de Ipiranga do Norte, estamos construindo alimentadores novos. Tudo isso para poder reforçar a força nessa região e a gente poder garantir que tenhamos uma safra de sucesso”.
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