DEU TRABALHO

Presença de doenças na soja foi maior em 22/23, diz Fundação MT

Pesquisadores da Fundação MT enxergam maior incidência de mancha-alvo, ferrugem e cercospora e destacam melhores tecnologias de combate

As doenças da cultura da soja ainda são um grande motivo de dor de cabeça para o produtor. Os pesquisadores da área de Fitopatologia e Biológicos da Fundação MT, Mônica Muller e João Paulo Ascari, apresentaram dados referentes a esses problemas na safra 2022/23.

Segundo eles, na temporada 22/23, quando a semeadura foi mais rápida e o mês de novembro foi mais seco que o normal, a classe produtora e os profissionais do setor precisaram enfrentar maior ocorrência de doenças de forma geral, como a ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) no sul de Mato Grosso e mancha-alvo na região da BR 163, bem como cercospora no município de Sapezal.

Por isso, segundo os pesquisadores, as lavouras sofreram mais com doenças nesta safra, quando comparado com anos anteriores. “Dentre os fatores que influenciaram este cenário destaca-se o clima favorável ao patógeno da mancha-alvo, além da incidência do crestamento foliar de cercospora e ainda a ferrugem”.

Falando de crestamento bacteriano – Pseudomonas spp., houve incidência em algumas cultivares de soja, afetando as plantas no terço médio/superior, com manchas encharcadas (anasarca) com halo clorótico.

Orientações e conclusões

A fim de levantar informações para auxiliar no controle dessas doenças, a equipe de pesquisadores da Fundação MT realizou ensaios com diferentes produtos comerciais e protocolos de manejo.

Dessa forma, foi possível aferir que as primeiras aplicações têm sido determinantes no controle de manchas foliares. Além disso, o vazio sanitário, a calendarização de semeadura e utilização de cultivares precoces reduzem o risco de ocorrência de ferrugem-asiática.

As pesquisas também apontam que é importante personalizar o programa de controle em função da variedade e época de semeadura, além do histórico da região e sistema de produção. Assim se faz uma gestão de risco. Destaque para a utilização de carboxamidas no controle de doenças, porém, não mais do que duas aplicações.

Cuidados com a mancha-alvo

macha alvo
Foto: João Paulo Ascari

Nos experimentos foi possível apurar que para o controle da mancha-alvo é preciso atenção com a cultura antecessora, por exemplo, o algodão e a crotalária geram maior porcentagem de inóculo da doença.

Os pesquisadores recomendam cuidado na escolha genética da cultivar, atentando-se para aquelas com maior e menor sensibilidade. Desta forma, determina-se qual o programa de aplicação de fungicidas será utilizado na fazenda.

Falando das questões físicas, considerar a presença de palhada para gerar menor dispersão de inóculo por respingo de chuva. Já as orientações químicas são para realizá-las em um intervalo de aplicação de 15 dias, com os Triazois (Protioconazole e Triazóis), as Carboxamidas (Fluxapiroxade, Bixafen, Impirfluxam e Benzovindiflupir), as Estrobilurinas (mutação qualitativa G143A) e ainda os Multissítios (Mancozebe, Clorotalonil, Fluazinam e Oxicloreto de Cobre).

Ferrugem-asiática

O produtor deve considerar que há maior risco de incidência da ferrugem-asiática para semeaduras a partir do final de outubro.

Recomenda-se para o tratamento químico:

  • Carboxamidas (Impirfluxam, Benzo, Fluxa e Bixafen);
  • Triazois (Tebuconazole, Protioconazole e Fenpropimorfe [morfolina])
  • Estrobilurinas (Picoxistrobina e Metominostrobina)
  • Multissítios (Clorotalonil, Oxicloreto de Cobre e Mancozebe).

Controle de cercospora na soja

Para o controle de Cercospora, a Fundação MT sinaliza a importância da presença de palhada na lavoura para que haja menor dispersão de inóculo por respingo de chuva.

Já o tratamento químico deve ser realizado com Multissítios (Clorotalonil e Mancozebe), além dos sítio-específicos DMI + SDHI + QoI.

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