O plantio da soja em Mato Grosso chegou a 91,82% da área destinada ao grão nesta temporada 2023/24. Contudo, as preocupações diante da falta de chuva, que em algumas regiões chegam a mais de 20 dias, continuam no campo e produtores já calculam os prejuízos e a necessidade de replantio.
Relatório de semeadura do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgado na sexta-feira (10) mostra que na variação semanal o avanço foi de 8,50 pontos percentuais. Entretanto, os trabalhos seguem atrasados em relação aos 96,17% da área plantada na safra 2022/23 e a média dos últimos cinco anos de 95,51%.
O levantamento mostra ainda que a região médio-norte já plantou 99,91% da área de soja, enquanto a oeste 99,39%. O noroeste mato-grossense já levou as sementes para 95,69% da área e o norte para 94,63%.
Na região centro-sul foram semeados 92,80% da área. O sudeste e nordeste mato-grossense são os mais atrasados com 85,72% e 79,15% das suas respectivas áreas plantadas.
Condições das áreas de soja plantadas preocupam
Mato Grosso nesta safra 2023/24 deverá plantar 12,2 milhões de hectares com soja. Conforme o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Fernando Cadore, a situação mediante o clima na atual temporada é considerada preocupante a cada dia.
“É o maior atraso da última série histórica de cinco anos. Mas, o que mais preocupa no campo são as condições das lavouras já semeadas. Altas temperaturas, chegando a 20, 25 dias sem chuva, o que tem comprometido e muito o desenvolvimento das lavouras, causando prejuízos difíceis de mensurar e replantios para serem avaliados”.
Fernando Cadore salienta ainda que a entidade está acompanhando de perto a situação no campo, pois “isso traz muita preocupação e angústia, uma vez que o desenvolvimento é complexo e o produtor fica inseguro quanto a comercialização e investimentos”.
Produtor em Gaúcha do Norte, Gilberto Peretti está com cerca de 30 dias de plantio atrasado na soja em relação à safra 2022/23. Ele comenta ter semeado cerca de 100 hectares, dos quais aproximadamente 30 hectares irão necessitar de replantio.
“Com certeza vai dar uma quebra grande na produção. Já perdeu o arranque e o replantio não é igual ao plantio. Replantio sempre produz menos. Prejuízo grande esse ano”, diz.
De acordo com o produtor Oleonir Favarin, de Santo Antônio do Leste, a semeadura nesta safra está em torno de 20 dias atrasada. Dos 300 hectares que conseguiu plantar, 120 hectares foram replantados.
“Aqui na minha área depois que fiz o último plantio fiquei 20 dias sem chuvas. Até agora não dá para falar muita coisa [produtividade], porque tem muita coisa para acontecer. Mas, em relação ao clima que está para vir a previsão não é muito boa não”.
A espera de São Pedro
Em algumas regiões ainda há produtores que não iniciaram o plantio da oleaginosa a espera das chuvas.
É o caso da Fazenda Galera, em Conquista D’Oeste. Segundo o engenheiro agrônomo Leonardo Marascas, a semeadura da soja ainda não começou, assim como em outra propriedade em Pontes e Lacerda. Ele lembra que na safra 2022/23 o plantio da oleaginosa estava em 81% e 83% nas respectivas propriedades.
“A gente infelizmente não tem nenhum hectare plantado devido à falta de chuvas. Para nós já ficou inviável a cultura do milho safrinha. Se a gente fizer uma conta simples, se plantasse hoje um material de 120 dias, ia colher por volta do dia 7 de março. Então, extrapola a janela. Os pedidos de sementes que a gente tinha já foram cancelados. O impacto é muito grande”.
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