Responsável por quase 30% da produção de soja mato-grossense, a região médio-norte registra ritmo ainda tímido no plantio da oleaginosa. O andamento dos trabalhos é dosado para evitar surpresas desagradáveis que possam trazer prejuízos ao produtor, até mesmo em áreas que utilizam pivôs de irrigação.
No município de Ipiranga do Norte (439 quilômetros de Cuiabá) devem ser cultivados 243 mil hectares de soja na safra 2022/23. Por enquanto, as plantadeiras semeiam apenas os locais em que a umidade é garantida pelos pivôs de irrigação.
“O pivô dá essa segurança a mais. Só que tem que ter cautela, também. Tem que ter uma boa lâmina dágua. Não dá para contar com a sorte”, comenta o agricultor Vitor Gatto.
Segundo Gatto, é preciso ter uma boa unidade no solo para realizar os trabalhos de plantio, considerando que uma possível falha no equipamento de pivô pode vir a ocorrer. “Energia é uma coisa que influência diretamente na irrigação. Então, se acontecer alguma coisa na rede elétrica pode ser que você fique dois a três dias sem irrigar. Isso interfere seriamente na produção”.
Manejo adequado no pivô também é necessário
O manejo adequado de água no solo quando o pivô é utilizado também se faz necessário. “Alguns problemas também aparecem no pivô, como o mofo branco e outros que são comuns em áreas de pivôs. Tem que ter um cuidado e um manejo diferenciado. Tem que fazer bem feito e com segurança. A agricultura é uma empresa a céu aberto e temos que tentar minimizar os riscos. O custo da semente está bem caro para ter que fazer um replantio. Não dá para brincar não”, diz Gatto.
Áreas de soja sem irrigação aguardam por chuva
Enquanto os trabalhos nas áreas irrigadas caminham, mesmo em ritmo lento, quem não utiliza a ajuda da tecnologia segue no aguardo de São Pedro para plantar.
“Os produtores estão apreensivos, ansiosos. Para o sucesso da produção aqui no município a gente aguarda a chuva certa e o solo também na medida certa”, pontua a presidente do Sindicato Rural de Ipiranga do Norte, Karine Inês Berna de Souza.
A necessidade de um solo com boa umidade é questão de segurança, afirma o consultor agronômico Manoel Pereira de Cristo Júnior. Principalmente, para preencher a questão do arranque inicial, onde se pode perder muito estande dependendo das condições em que a soja foi plantada.
“Às vezes o solo está muito quente e não tem água suficiente para germinar, ocasionando uma perda de vigor da semente da soja. Assim, você perde estande e consequentemente perde produtividade, por mais que a gente tenha várias cultivares com adaptabilidade melhor”, salienta o consultor agronômico.
Agricultores de Sorriso esperam por chuva
Em Sorriso, onde cerca de 630 mil hectares de soja são plantados, a movimentação de plantadeiras por hora também é apenas em áreas irrigadas.
“O produtor de Sorriso é bem consciente disso. Tem que ter essa cautela. Plantar quanto tem a umidade que vai dar germinação para não perder o plantio. Esperamos que até o final deste mês, início do mês que vem, a chuva se normalize e que tenhamos uma boa safra”, comenta o presidente do Sindicato Rural do município, Sadi José Beledelli.
A chegada da normalidade das chuvas também é a expectativa do agricultor Gabriel Lenz. Na propriedade, de acordo com ele, a área de 3,5 mil hectares do ciclo passado será mantida. “Vamos esperar um pouco, porque de fato ainda não choveu. Não tivemos nenhuma precipitação que nos deixa otimistas para o plantio. Tem que ter cautela na poeira. Vai ter que chover bem para depois arriscar o plantio. Esta safra não aceita erros, principalmente esse que o custo econômico está alto. Até para ter uma segurança no ano que vem”.
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