A falta de chuvas em Mato Grosso coloca em alerta os produtores que vão investir no cultivo de algodão na segunda safra. Mesmo com as primeiras precipitações registradas em algumas regiões, o plantio da soja segue tímido no estado, com menos de 1% dos 12,6 milhões de hectares previstos para a temporada semeada.
A família do produtor Matheus Cury Pasqualotto é produtora de soja em três regiões diferentes de Mato Grosso. Depois de muito tempo, voltou a chover nas áreas da família. Somente na de Sorriso foram quase 50 milímetros acumulados em um só dia.
“Foi uma chuva boa aqui para nós. Aqui é uma área bem argilosa, então está quase incomodando para plantar a palhada já. Isso mostra o tanto de umidade que tem. Graças a Deus. Passamos três meses sem nenhuma chuva”, comenta Matheus ao Canal Rural Mato Grosso.
Conforme o produtor, com a chuva registrada as expectativas se renovam. “Agora com essa chuva, solo, poças é a melhor coisa que pode acontecer para nós. É um ano que temos que contar com o clima, que seja um ano normal para nós, sem adversidades”.
Nesta safra 2024/25 a família Pasqualotto deverá cultivar ao todo 12 mil hectares de soja. O grupo espera, pelo menos, repetir a boa produtividade alcançada na temporada passada.
“Investimos bem esse ano. Vamos tentar fazer mais uma vez um trabalho bem feito. O ano passado nesta propriedade conseguimos produzir bem, apesar das adversidades. Foi o manejo e contamos, também, com a sorte da chuva. As secas nas horas pontuais e as chuvas também. A expectativa é que produza igual ou melhor”, diz Matheus.
Tentativa de minimizar atraso no algodão
Em Jaciara, a soja deverá ocupar 3,6 mil hectares na propriedade do produtor Murilo Gasperi Fritsch. Por lá, as plantadeiras também estão trabalhando. Contudo, apenas nas áreas mais umidade. Uma tentativa, segundo ele, de minimizar um possível atraso na janela do algodão segundo safra, diante das irregularidades das chuvas.
Murilo comenta à reportagem do Canal Rural Mato Grosso que a semeadura da safra passada de soja iniciou logo após o término do vazio sanitário, no dia 15 de setembro. Ele recorda que na ocasião já havia chovido muito, cerca de 120 milímetros.
“Para a gente que planta algodão já está começando a ficar um pouco tarde para plantar a soja. As chuvas ainda estão um pouco escassas aqui. Estamos plantando no limite da umidade. Choveu 30 milímetros aqui. Não é o ideal, mas estamos arriscando o plantio”, frisa.
Produtividade e rentabilidade são desafios
Aumentar a produtividade da lavoura de soja, em busca de maior rentabilidade é outro desafio da porteira para dentro nesta safra 2024/25.
“Preço ruim, custo caro. O que temos que fazer é trabalhar para produzir o máximo possível. Investir, por mais que o custo esteja caro esse ano. Temos que investir mais na terra para tentar extrair o máximo de produtividade para ter renda. Hoje, o custo de uma lavoura de soja é de mais de 50 sacas. Se não colher mais do que isso, não paga as contas. Fora o custo, tem o arrendamento. Como é que faz? Tem que produzir acima de 70 sacas para poder ter rentabilidade”, pontua Murilo.
A apreensão também ronda a fazenda vizinha. Por isso, mesmo com o atraso na janela do algodão, a palavra de ordem nela é cautela na entrada das plantadeiras em campo para evitar possíveis perdas nos 4,8 mil hectares de soja programados para esta safra.
“Não plantamos nada ainda esperando vir a chuva. [Estamos] cautelosos para plantar. Para nascer mesmo, não perder plantas. A parte de pluviometria foi muito irregular e muito baixa. Praticamente tem áreas que nem choveu ainda. Estamos esperando entre 40 e 50 milímetros em uma semana para poder plantar”.
De acordo com Luís Antônio, a ansiedade só aumenta enquanto as chuvas não se regularizam, ao passo que a preocupação em torno da janela do algodão “vai ficando apertada”.
“A gente fica entre a cruz e a espada. Temos que ver o que vamos fazer, porque o custo é muito alto de um plantio de soja. Então, não pode errar. Tem que ter 100% de certeza que a planta vai nascer. Atrasando o plantio do algodão, consequentemente depois vai faltar água lá no final. Ele vai produzir menos maçãs e plumas, onde a produtividade é menor. Investir alto com uma produtividade menor, dependendo do atraso, é melhor nem plantar algodão”.
Dados do último levantamento de safra do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontam que a soja deve ocupar 12,6 milhões de hectares em Mato Grosso nesta temporada. Até agora, 0,53% desta área foi semeada. Nesta mesma época do ano passado, mais de 4% das plantações estavam semeadas.
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