SAFRA DE SOJA

Estratégias de manejo auxiliam na redução dos impactos do El Niño

Em Sorriso, em decorrência ao clima, as perspectivas apontam perdas de até 50% na produção nas primeiras áreas cultivadas com a soja

A safra 2023/24 de soja foi severamente castigada em Mato Grosso pelas altas temperaturas e falta de chuvas. Produtores em Sorriso estimam perdas de até 50% na produção nas primeiras áreas cultivadas. Segundo especialistas, um manejo bem feito pode auxiliar na redução dos impactos do El Niño.

Em Sorriso, líder em produção de soja no Brasil, o sentimento visto pelas lavouras é de frustração com a safra. No dia 21 de dezembro foi decretado no município situação de emergência por 120 dias por falta de chuvas, período esse prolongado dias depois para 180 dias.

De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Sorriso, Sadi Beledelli, o período de estresse hídrico e calor intenso foi muito grande, considerados acima da média para a região. Tamanha a dimensão da situação causou o encurtamento de ciclo de algumas variedades entre 15 e 25 dias.

“Soja que era para colher a partir de 10 de janeiro, estava colhendo em 15, 20 de dezembro. Prejudicou o enchimento de grãos. Há relatos do pessoal colhendo 10, 15 sacas por hectare de média”.

Os resultados que estão sendo obtidos nas lavouras de soja tornaram-se preocupação em Mato Grosso, principalmente no eixo da BR-163. Os impactos do fenômeno El Niño foram pontos debatidos durante a segunda edição do TecnoFito Soja 2024, promovido pela Fitolab.

“O agricultor tem que se atentar que em ano de El Niño ele tem que dividir esse risco. Se ele não fizer isso, ele pode perder tudo. Hoje na agricultura o erro técnico você não consegue consertar mais. Errou a estratégia no início, você não consegue no meio do ciclo tentar reverter”, diz o diretor de pesquisas da Fitolab, Eder Novaes Moreira. 

Manejo preventivo de cobertura é essencial

De acordo com o pesquisador e consultor João Dantas, o manejo preventivo de cobertura de solo é de suma importância, pois garante estabilidade produtiva em anos de clima adverso.

“O produtor que vem investindo mais no manejo físico de solo associado ao manejo químico, e, com certeza, ao manejo de cobertura de solo, milho com braquiária. Essas áreas se comportaram bem melhor do que áreas que, por exemplo, está há muito tempo com soja e algodão, que você não tem palhada, soja muito mais precoce”.

Especialistas pontuam que já estão sendo preparados geneticamente materiais capazes de tolerar o estresse hídrico. Tuneo Sediyama, PhD em genética e melhoramento de plantas, afirma que Mato Grosso possui potencial para ampliar a produtividade média da soja em até 150 sacas por hectare.

“Nós vamos ter que investir primeiro na física do solo, segundo na química do solo, terceiro na variedade que já está presente, mas também fornecendo ambiente, nutrição, manejo de pragas e doenças da planta”.

Aumento de pragas nas lavouras preocupa

A dinâmica das pragas sob o estresse térmico e hídrico na safra 2023/24 da soja também é outra grande preocupação no campo. A recomendação dos especialistas é redobrar a atenção quanto a ponte verde, bem como fazer o manejo básico.

“Questões como monitoramento, aplicação no momento correto. São pontos básicos que a gente sempre fala, mas que nem sempre são realizados quando a gente olha para a realidade do campo”, salienta a entomologista da Fitolab, Gabriela Vieira Silva.


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