CALCULADORA EM MÃOS

Alta nos insumos preocupa em Mato Grosso e pode elevar o custo da soja 25/26

Fertilizantes e corretivos estão 9,2% mais caros em relação à safra 2024/25 de soja, aponta levantamento do Imea

O custo médio do hectare da soja em Mato Grosso está em R$ 4.118,61 para a safra 2025/26. Deste montante, quase R$ 1,9 mil referem-se a fertilizantes e corretivos, alta de 9,2% em relação ao ciclo 2024/25.

Tal aumento ante a temporada passada tem levado produtores rurais no estado a terem em mãos calculadora e pé no freio.

A poucos meses do início do plantio da safra 2025/26, a família Klein ainda faz contas revendo as estratégias. O motivo: a alta nos custos. Com fertilizantes e defensivos mais caros e o preço da soja oscilando, garantir rentabilidade em cima da área onde na próxima temporada pretendem cultivar 5,3 mil hectares de soja, virou um desafio.

Conforme o produtor Vanderlei Klein, o acréscimo foi entre 10% e 15% e segue em curva de crescimento.

“E o nosso grão em decadência. Teve aí R$ 2, R$ 3, R$ 5 para cima e para baixo, mas isso não fortalece nada para fechar a conta do aumento que teve nos insumos. E, a gente planta uma parte da área própria e outra arrendada, mais químico, mais semente, mais o custo operacional, mais o arrendamento, essa conta fica para cima das 55 sacas de soja”.

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Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Dificuldade para fechar o planejamento

Em Nova Mutum, o consultor agronômico Naildo Lopes atende cerca de 148 produtores rurais, que juntos representam 35 mil hectares. De acordo com ele, a preocupação é a mesma para todos: fechar o planejamento da soja 2025/26 com segurança.

“O que está me assustando é que no ano passado eu trabalhava com um custo médio de 46 a 48 sacas por hectare e esse ano baseado no preço de R$ 108 a saca para o futuro, eu estou precisando de 53 a 55 sacas de soja por hectare. Nós estamos sem recursos controlados e os recursos em média dos bancos, quando você vai usar recurso do próprio financiamento, está em torno de 17%, 18%, que é muito pesado”, diz o consultor ao Canal Rural Mato Grosso.

Para o presidente do Sindicato Rural de Nova Mutum, Paulo Zen, o que mais “assusta” os produtores é eles estarem entregando soja a R$ 110 a saca de 60 quilos pagando os custos que possuíam da safra passada e estar tendo uma oferta futura nos mesmos R$ 110 a soja e o milho a R$ 50, enquanto o custo do produto subiu entre 8% e 9%.

“Tem que ficar atento para aproveitar o melhor momento, porque está muito volátil o preço da nossa produção”, alerta o presidente do Sindicato Rural de Nova Mutum.

Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Produtores de olho nas oportunidades

Na região da BR-163 tem produtor que ainda não comprou nenhum insumo para soja da próxima temporada. É o caso do Thiago Strapasson, que está atento ao mercado à espera de melhores oportunidades de preços para usar todo o milho cultivado nos 1.370 hectares no atual ciclo como moeda de troca.

“Nós achávamos que o ano passado estava complicado, esse ano está um pouco pior. Se o produtor souber fazer bem as contas vai ser em cima do muro, se não souber fazer as contas ele vai cair do muro”, frisa Thiago à reportagem.

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja Mato Grosso), juntamente com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), realizou uma pesquisa, conforme o presidente da entidade Lucas Costa Beber, a qual muitos produtores relataram uma redução na adubação.

“Claro, alguns aproveitando a reserva. Preocupa, porque isso pode diminuir a oferta de alimento. O que aumenta ainda mais a inflação. Então, nós temos que discutir logística, temos que discutir a reforma administrativa do nosso país, responsabilidade fiscal. Muita coisa vem de fora e isso acaba pesando na cotação em dólar e reflete em custo”.

E, enquanto os produtores estão de olho no mercado com calculadoras em mãos, nas revendas o cenário também é de alerta.

Segundo o tesoureiro da Cearpa, Marcelo Cunha, a relação hoje está em torno de 15% a 18% mais cara em relação à mesma época do ano passado.

“Nessas ordens de 90 pontos, 90 de potássio, 90 de fósforo nós estaríamos com 11 sacas, 11 e meio. Hoje está dando 13. Temos estoques e tem coisa chegando. Pode ser que mais essa alta venha nesta segunda negociações quando os estoques nossos estiverem acabando e nós podemos ter que puxar mais produto é isso vai encarecer demais na ponta para o produtor. O que a gente fala é tentar fazer com que o produtor se organize e já conseguir travar em reais ou fazer o head em dólar desse fertilizante para não ter mais surpresa no final, que pode ser que a gente tenha”.


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