O plantio da soja 2023/24 em Mato Grosso caminha para a sua reta final. Até o dia 1º de dezembro 99,57% dos 12,2 milhões de hectares previstos estavam semeados. O ciclo está sendo considerado pelos produtores do estado como sendo o mais desafiador da história. O principal motivo: o clima.
O levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgado na sexta-feira (2) mostra que apenas as regiões médio-norte e norte encerraram o plantio. As demais regiões seguem com os trabalhos, sendo a nordeste a mais atrasada com 98,62% da área semeada.
Ainda conforme o acompanhamento, ao se comparar com a média dos últimos cinco anos, a temporada 2023/24 segue atrasada. A média de área plantada neste período é de 99,90%. O levantamento mostra ainda que no ciclo 2022/23 Mato Grosso já estava com 100% da área semeada em 1º de dezembro.
Safra mais desafiadora
A seca provocada pela irregularidade das chuvas e altas temperaturas, diante da presença do fenômeno El Niño, tem tornado a safra 2023/24 como a mais desafiadora da história da produção agrícola em Mato Grosso.
Há três semanas a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) está percorrendo com a ação “Mato Grosso Clima e Mercado” as regiões produtoras de soja do estado.
Na semana passada foram percorridas lavouras localizadas entre os municípios de Querência e Canarana e, de acordo com o gerente de relacionamento da entidade, Evandro Thiesen, foi possível observar tanto áreas com soja semeada entre seus 30, 35 dias e áreas recém-plantadas. “Mais uma vez percebeu-se essa irregularidade no plantio da safra esse ano”, salienta.
Diego Dallastra é produtor em Canarana e, segundo ele, com certeza o atual ano-safra “é o mais desafiador da história da agricultura em Mato Grosso”. Canarana, comenta o produtor, iniciou o plantio no final de setembro, porém com o avançar de outubro as chuvas esperadas não apareceram.
“Cerca de 40% da soja a gente pode dizer que avançou o mês de novembro. Atrasou muito o plantio. As lavouras do início do plantio estão sofrendo, porque estamos vindo de três semanas praticamente com uma chuva no meio. Tem regiões com 25 dias sem chuva. Não tem ninguém com lavoura boa como nos outros anos”.
Manejo adequado pode ajudar
Produtor em Canarana há 45 anos, Francisco Assis Cappan comenta nunca ter presenciado tal situação. Ele teve a semeadura da soja atrasada em sua propriedade por cerca de 30 dias. Além disso, conta ele ao projeto da “Mato Grosso Clima e Mercado” da Aprosoja-MT, a área que conseguiu plantar sofreu com a falta de chuvas durante 30 dias e ainda teve de ressemear cerca de 15% da área.
“Esse replantio não é o plantio. Não consegue o mesmo resultado. O plantio sempre acabo em outubro e novembro ainda faltavam uns 20%”, diz ele que deverá destinar em torno de 40% da área de soja para o milho, ao contrário da safra passada quando foi quase 100%.
A área que não receber milho segunda safra, deverá receber sementes de gergelim ou braquiária, pontua Cappan.
Na área de soja plantada e que há cerca de 30 dias não recebe as chuvas foi realizado um subsolado de aproximadamente 40 centímetros. “Dá para ver que aguentou 30 dias praticamente com três milímetros de chuva e quando tira a planta percebe-se que a raiz está com mais ou menos 30 centímetros de pivotante”.
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