A desvalorização da soja e a expectativa de safra cheia de milho nas principais regiões produtoras de Mato Grosso reacende uma preocupação recorrente no estado: a concorrência entre os grãos pelo espaço limitado nos armazéns. Diamantino, onde as lavouras de milho ocupam aproximadamente 270 mil hectares, é um dos municípios que sofrem pela falta de infraestrutura.
A preocupação com a possibilidade de milho guardado à céu aberto em Mato Grosso é o tema o episódio 86 do Patrulheiro Agro.
Na propriedade ao qual o gerente técnico Luiz Paulo Mendes Pereira trabalha foram cultivados nesta safra 1.750 hectares de milho. Segundo ele, na safra passada a propriedade amargou prejuízo com o cereal diante do corte das chuvas em março.
“Esse ano graças à Deus está bom. Choveu bem, não tivemos muitos percalços durante a colheita, o plantio também não atrapalhou muito. Esse ano na região em geral todos estão com lavouras bonitas, com perspectiva boa de produção”, diz Luiz Paulo.
Presidente do Sindicato Rural de Diamantino, Altemar Kroling, comenta que a chuva foi muito generosa nesta safra. Ele lembra que nesta época em 2022 o município contava com 45 dias de estiagem e que agora estão com apenas sete dias sem chuva.
“Então, é um ano bem diferente. O milho aparentemente ele está mostrando que vai ser um ano muito bom de produção, mas essa certeza a gente só terá quando colocar a máquina no campo”, frisa Altemar.
Expectativa é de boa produtividade no milho
No que tange a produtividade, o presidente do Sindicato Rural revela que os produtores estão esperançosos, pois cerca de 95% do milho está no escape.
“Acho que vai ser um ano de bastante produtividade. A maior parte dos produtores vendeu 30, 40% da estimativa de produção, o que ajuda nos custos, e o produtor agora está preocupado aonde ele vai por esse milho. Esse é o Mato Grosso, né? Cada ano é uma história”.
Falta de armazéns preocupa
Segundo o Sindicato Rural de Diamantino, a região tem capacidade estática para guardar menos da metade do que produz e está com 40% da soja colhida este ano ainda estocada. Cenário que está tirando o sono dos agricultores antes mesmo da colheita da segunda safra.
José Gazeta, produtor no município, lembra que na safra passada aproximadamente 20% de toda a produção de milho não coube nos armazéns.
“Armazéns com nas portas das casas dos empregados das empresas, lotou o pátio para tudo quanto foi lado, milho na beira dos silos. Agora você faz um cálculo com 12% a mais de área plantada nesta safra e de mais de 20% de produção o que vai acontecer? A minha preocupação maior é que eu plantei o meu milho mais tarde devido o plantio da soja que atrasou e choveu tarde e eu não tive como plantar cedo. A hora que eu colher esse milho esses armazéns não tem onde por mais nada”.
De acordo com o vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Beber, a entidade tem buscado junto ao governo federal para que se tenha mais disponibilidade de recursos para a construção de armazéns.
“Nos últimos três anos nós temos batido forte junto ao Ministério da Agricultura para que se tenha mais disponibilidade de recurso e também para um juro mais atrativo, porque a gente sabe que a questão de segurança alimentar também é importante. Então, pensar em armazenagem é pensar não só nos produtores, mas é pensar em toda a população e o Brasil precisa ter isso”, diz Lucas Beber.
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