O impacto da alta dos combustíveis não é só na inflação. Em Mato Grosso, o encarecimento causa preocupação nos produtores que estão começando a nova safra de soja e também, para transportadores e caminhoneiros autônomos. No mês passado, o grupo de transportes registrou um aumento de 0,34% com destaque para o óleo diesel, que subiu 8,5%.
Em Primavera do Leste, o agricultor Ari José Ferrari já iniciou o preparo do solo em sua propriedade. Nesta safra ele vai plantar 2,4 mil hectares da oleaginosa. Segundo ele, 200 hectares a mais que na última temporada. Mesmo com essa estimativa, o plantio só ocorrerá caso haja umidade para a boa germinação das sementes.
O agricultor segue essa cautela à risca para evitar perdas. Principalmente, em um ano em que o grão vive um momento delicado no mercado.
“Está muito fraco o preço. Hoje os custos para nós estão em 45 sacas de soja por hectare. Se você colher 60 vai sobrar 15. Esse ano se a gente não cuidar, quebra”, frisa Ari.
Óleo diesel deixa o cenário mais desafiador
O cenário da safra 2023/24 em Mato Grosso deve ficar ainda mais desafiador com os recentes aumentos no preço do óleo diesel. O combustível é um insumo indispensável na produção agrícola. Conforme Ari, os tratores e colheitadeiras costumam gastar cerca de 500 litros por dia.
No município de Água Boa, no nordeste do estado, a preocupação é a mesma. Tonico Mello, agricultor na região, conta que a promessa era de baixa nos preços, porém não ocorreu.
“Isso impacta no custo da nossa produção. Nós compramos diesel aqui com três a cinco dias para entrega. A gente espera que não falte combustível na hora do plantio”, pontua Tonico.
Essa elevação nos preços do óleo diesel também coloca transportadoras e caminhoneiros autônomos em alerta, tendo em vista que os valores devem subir ainda mais.
“Aumentou muito o diesel. Subiu R$ 1 no litro. As transportadoras vão ter que ajustar um preço melhor no frete, na tonelada para nós, porque o diesel não vai baixar”, comenta o caminhoneiro Valdir Lourenço Ferreira.
Gutemberg Olimpio Ferreira Junior, empresário em Paranatinga, prevê aumentos significativos das despesas para manter a frota de 24 caminhões rodando. Entretanto, como negociou com antecedência a maior parte dos contratos nesta nova temporada de soja, não deve conseguir repassar o aumento do valor do diesel para os clientes.
“Não imaginava que iria ter essa alta e agora a gente está tendo que cumprir esses contratos e está pesando bastante. O consumo da nossa frota é aproximadamente de 100 a 110 mil litros por mês. Com essa alta, são R$ 50 mil no mês”, pontua Gutemberg.
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