ALERTA

Buva pode gerar perdas de até 60% na produtividade das lavouras de soja

Tipos de manejos e desafios para controlar capim amargoso, capim pé-de-galinha e buva na soja foram debatidos durante evento sobre a cultura

A presença de ervas daninhas nas lavouras mato-grossenses desafia a produtividade, a pesquisa e tira o sono do produtor rural. A buva é uma das mais resistentes aos herbicidas. A velocidade de propagação da planta é rápida e pode provocar redução de até 60% na produtividade da soja.

O professor doutor em herbologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Giliardi Dalazen, comenta que essa é uma erva daninha severa, uma vez que apenas uma planta produz mais de 200 mil sementes – facilmente dispersadas pelo vento.  

“Ela é muito competitiva. Uma única planta de buva por metro quadrado reduz a produtividade da soja em, aproximadamente, 15%. Se subirmos essa infestação, o que não é pouco comum, para dez plantas por metro quadrado, a gente tem uma redução na produtividade de até 60%. É uma planta muito parecida com a soja em demandas nutricionais e fisiológicas e isso aumenta o problema”, explica. 

Ele conta que um dos manejos mais efetivos é a palhada no solo. Ou seja, se a propriedade tiver uma boa palhada, antes da emergência da erva daninha, é capaz de segurar a infestação. Além do uso de herbicidas pré-emergentes. 

Capim amargoso e pé-de-galinha reduzem a produtividade em até 22%

De acordo com o professor doutor de ciências agrárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Alfredo Paiola, o grande problema do combate às ervas daninhas está relacionado com a resistência aos herbicidas. Ele conta que isso dificulta o controle e que, quando as plantas são maiores, a supervisão fica ainda mais difícil visto que ao se desenvolver, ela gera sementes aumentando o problema. 

“Pensando nisso, o manejo mais eficaz é focado no pós-emergente e no pré-emergente. No pós, dificilmente uma aplicação vai resolver o problema devido aos casos de resistência. Por isso, é importante saber a que tipo de produto a planta tem resistência. Agora, o pré-emergente é importante porque? Porque você mata a touceira, faz um investimento bem feito, com boas misturas de produtos e aplicação sequencial’, explica. 

Ainda conforme Paiola, quando se fala em capim amargoso e capim pé-de-galinha a perda na produtividade da soja chega a quase 22% – uma touceira por metro quadrado vai causar perda de 20% a 22%, essa planta compete muito e interfere muito na cultura da soja. 

Foto: Pedro Paulo Coelho

O controle de ervas daninhas como capim amargoso, capim pé-de-galinha e a buva na soja foi destaque de um dos painéis do Master Meeting Soja 2024. O evento aconteceu nesta semana, em Cuiabá (MT) e é considerado um dos principais eventos técnicos da cadeia da oleaginosa.

Em Campo Verde, por exemplo, levantamentos mostram que alguns talhões chegaram a ter perdas de 20% devido a infestação das plantas.

Thiago Minuzzi, produtor rural no município, conta que neste ano foi preciso fazer bastante controle de ervas daninhas na propriedade. Em alguns talhões, as perdas chegaram a 20%. 

“Em dois talhões que eu não consegui controlar, tive que fazer capina por conta do capim amargoso. Com o que foi falado aqui hoje, o principal ponto é investir em manejos pré-emergentes para tentar controlar melhor”, afirma.


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