A cotação do algodão abaixo do esperado em Mato Grosso tem frustrado as expectativas dos cotonicultores e deixado as vendas mais lentas. Segundo os produtores, que revelam contar ainda com produção do ciclo 2021/22 disponível para venda, os preços atuais não cobrem os custos, o que os leva a ficar ainda mais atentos ao mercado.
Levantamento divulgado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), na última segunda-feira (8), mostra que com preço médio de R$ 145,24 a arroba, as vendas da safra 2022/23 de pluma em Mato Grosso chegaram a 64% da produção esperada no mês de abril. Um avanço mensal de apenas 2,43 pontos percentuais ditado pela continua queda nas cotações da fibra.
Ao se comparar com a safra 2021/22 em abril do ano passado, o estado contava com 70,06% da pluma comercializada antecipadamente. A média dos últimos cinco anos para tal período é de 74,97%.
Em Mato Grosso, as lavouras de algodão ocupam pouco mais de 1,15 milhão de hectares nesta safra 2022/23, área 1,9% inferior à cultivada na temporada passada. Mesmo com a redução, estima-se que a produção passa de dois milhões de toneladas de pluma, volume 10,6% superior ao colhido na safra 2021/22.
Em Jaciara, no pátio da algodoeira da Fazenda Santo Expedito 10% da pluma colhida na última safra ainda espera por compradores. Da produção prevista para a safra 2022/23, conforme o gerente técnico, Luís Antônio Huber, apenas 20% foi negociada até o momento.
“Esse ano está mais atrasado. O mercado não sinalizava queda. O mercado vinha estável o preço e de uma hora para outra despencou. Até os compradores sumiram. Esse que é o grande problema”, pontua Luís Antônio.
Preços atuais do algodão não cobrem custos
Segundo Luís Antônio, os preços atuais da arroba da pluma de algodão não cobrem os custos das propriedades. A estratégia adotada na propriedade em Jaciara foi a cautela nas negociações, na esperança da reação das cotações.
“Hoje está na casa dos US$ 26. Isso não pago o custo. Tem que fechar o custo pelo menos para não trabalhar no vermelho. Teria que vender esse algodão superior a US$ 30. O custo foi muito elevado nas lavouras e a gente está tentando segurar um pouco esperando uma melhora nos preços”, frisa o gerente técnico da Fazenda Santo Expedito.
Instabilidade econômica mundial preocupa
De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), em anos de instabilidade econômica a demanda de muitos países pela pluma perde força, derrubando os preços.
“O algodão não é uma prioridade do ser humano. Em um período de recessão eles vão valorizar mais uma redução de custos, principalmente vão focar mais em uma alimentação. Em outras alternativas de se viabilizar o dinheiro. Realmente, no mundo falou-se muito em recessão americana, a inflação está muito alta nesses países, inclusive nós temos a questão da taxa de juros. Isso inibe um pouco a questão da demanda, principalmente do algodão”, pontua Alexandre Schenkel, presidente da Abrapa.
Quanto à expectativa sobre quando os preços ficarão melhores, o presidente da Abrapa diz que é preciso ficar atento aos grandes consumidores da pluma.
“Hoje o mundo está mais globalizado. As informações estão circulando mais. Quando der sinais de retomadas em alguns países, como a China, a Índia, eles são os primeiros a procurar essa demanda de algodão e vai ter uma reação dos preços da cultura. Então, aguardamos esses bons sinais para que se melhores esse mercado do algodão”.
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