Mato Grosso

Algodão: produtores brasileiros participam de missão no Vietnã

Vietnã é considerado o mercado importador de algodão que mais cresce no mundo; país é a última parada da Missão Vendedores, do Cotton Brazil

A semana para o mercado do algodão foi considerada curta diante do feriado de Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos, nesta quinta-feira (24). Contudo para o setor produtivo da fibra brasileira foi de troca de experiências e negócios com a Missão Vendedores, do Cotton Brazil, está no Vietnã esta semana.

As informações são do Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa, divulgado nesta sexta-feira (25).

+Leia as últimas notícias da Abrapa sobre o algodão no site do Canal Rural Mato Grosso

Confira os destaques trazidos pelo Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa:

Algodão em NY 1 – O contrato Mar/23 fechou cotado a 82,90 U$c/lp (-2,80%) em 23/nov.

Algodão em NY 2 – Referência para a safra 2022/23, o contrato Dez/23 era cotado a 77,93 U$c/lp (-1,57%) e o Dez/24 a 75,93 (-1,26%) para a safra 2023/24.

Preços (23/11), o algodão brasileiro estava cotado a 102,25 U$c/lp (-450 pts) para embarque em Dez22/Jan23 (Middling 1-1/8″ (31-3-36) posto Ásia, fonte Cotlook). Para embarque em Out-Nov/23 a referência do preço fechou em 96,75 U$c/lp (-175 pts).

Altistas 1 – Considerando a relação de preços entre as commodities, estudo da Olam Agri mostra que a área de algodão dos EUA em 2023/24 pode ser uma das menores em várias décadas.

Baixistas 1 – A demanda continua preocupante. Relatos e evidências são cada vez mais frequentes da ausência de pedidos em vários elos da cadeia e consequente redução do consumo de algodão.

Vietnã 1 – Nesta sexta-feira, um evento para 70 clientes e agentes de algodão na maior cidade do Vietnã, Ho Chi Minh City, encerra a Missão Vendedores, do Cotton Brazil, no país asiático.

Vietnã 2 – O Vietnã é uma potência industrial emergente, segundo maior exportador global de têxteis (US$ 39 bi em exportações), somente atrás da China. Também é o terceiro maior importador global de algodão, com um volume anual próximo de 1,5 milhão de toneladas.

Vietnã 3 – O país também é o mercado importador de algodão que mais cresce no mundo, com crescimento anual médio de importação de algodão de 11,5% nos últimos 10 anos.

Vietnã 4 – Este crescimento se deve à abertura do país ao investimento estrangeiro que se iniciou no final dos anos 1980 e hoje representa a maioria do investimento industrial no país.

Vietnã 5 – A participação estatal no setor, que era 100% no início da industrialização do país, vem diminuindo a cada ano.

Vietnã 6 – A estatal Vinatex, que tem participação acionária em mais de 120 empresas em todos os elos da cadeia têxtil, fatura US$ 4 bi e representa em torno de 10% da capacidade de fiação instalada no país.

Vietnã 7 – De acordo com estatísticas do país, hoje em torno de 60% das fiações são de capital estrangeiro no país (maioria chinesa e coreana), que segue agressivo na atração de novas indústrias.

Vietnã 8 – De acordo com a principal entidade do setor (VITAS), existem mais de 16 mil empresas na área têxtil no país, que geram em torno de 3 milhões de empregos.

Vietnã 9 – O setor incentiva os acordos de livre comércio (já há 15 assinados) e tem esperança de assinar um com o Mercosul em breve.

Vietnã 10 – A missão ao Vietnã, composta por produtores e tradings de algodão, esteve em Hanoi e Ho Chi Min City. Realizou dois grandes eventos com clientes.

Vietnã 11 – Além disso, fez visitas a fiações, reuniões com empresários, dirigentes da estatal do setor têxtil (Vinatex), associações empresariais, Embaixador do Brasil em Hanói, Centro de Tecnologia Têxtil e Ministério de Indústria e Comércio do país.

Vietnã 12 – Abaixo segue um resumo das principais discussões no país:

a) A indústria têxtil do país passa por um momento delicado. Fiações operam em média com 40% de capacidade ociosa, sendo que algumas industrias focadas na exportação de fios para a China, no norte do país encontram-se fechadas devido à ausência de demanda e margens negativas.

b) O setor de fiações começou a ser afetado no 1º semestre e o setor de confecções só começou a sentir os impactos da desaceleração nos últimos dois meses. Guerra, inflação e desaceleração econômica estão entre os fatores citados para a redução da demanda vinda dos seus principais mercados de produtos têxteis: EUA e Europa.

c) Segundo o governo local, no acumulado do ano, as exportações de têxteis do país ainda são maiores que no mesmo período do ano passado, mas alertam que a desaceleração começou a ser sentida somente neste bimestre.

d) Há, entretanto, uma confiança que no primeiro semestre de 2023 a economia irá se recuperar e a indústria do país voltará a crescer em ritmo acelerado.

e) A confiança no país continua grande, uma vez que as indústrias estão capitalizadas com lucros recentes e continuam investindo. Além disso, o país continua atraindo investimentos industriais estrangeiros e o desenvolvimento de novas áreas industriais no país segue em ritmo acelerado, apesar do momento delicado.

f) Política de atração de investimentos do país, mão de obra barata, moeda desvalorizada e deslocamento de indústrias da China são os fatores que devem continuar impulsionando o crescimento do país.

g) O Brasil foi recentemente ultrapassado pela Austrália nas exportações de algodão ao Vietnã. Com o boicote da China ao algodão da Austrália, o produto da Oceania tem sido oferecido a custos menores que o brasileiro e com menor prazo de entrega.

h) Apesar do Brasil já ser a terceira maior origem de algodão importado pelo país, ainda há muito desconhecimento sobre o produto brasileiro e seus atributos.

i) A grande maioria das lideranças do setor que conversamos não sabiam, por exemplo, que o Brasil faz análise de HVI fardo a fardo e disponibiliza os dados para checagem no site da Abrapa.

j) As principais reclamações sobre o algodão do Brasil se referem a preço e tempo de entrega (transit time). Reconhecem o enorme ganho de qualidade do algodão do Brasil nos últimos 10 anos e elogiam a qualidade.

k) Alguns industriais relacionam o algodão do Brasil com caramelização e/ou pegajosidade. Por fim, foi solicitado que o algodão do Brasil seja enfardado com fitas plásticas e não arames de aço, devido ao perigo de incêndios.

Colheita – Nos EUA, 79% do algodão já foi colhido, enquanto a China está no pico da colheita desde outubro. O norte de Xinjiang está quase finalizado e a maior parte do sul da província já colheu metade da safra mecanicamente.

Agenda 1 – Na segunda (28), em Singapura, a Apex Brasil e a Embaixada do Brasil em Singapura realizarão o Agritalks Brasil Singapura. O presidente da Abrapa, Júlio Busato, será um dos palestrantes.

Agenda 2 – Na terça (29), será realizado em Jacarta (Indonésia) o evento Cotton Brazil Outlook, com clientes do algodão brasileiro no país.

Brasil – Beneficiamento 2021/22 – Até ontem (24/11): BA (94%); GO (99%); MA (65%) MS (98%); MT (97%); MG (99%); SP (100%); PI (100%); PR (100%). Total Brasil: 96% beneficiado.

Brasil – Semeadura 2022/23 – Até ontem (24/11) já foram semeados 8% (SP), 8% (GO) e 0,4% (MS). Com o fim do Vazio Sanitário no último dia 20/11 em MG, o plantio da safra 22/23 já iniciou em todo o estado.

Brasil – Exportações – Ritmo de exportação segue forte. O Brasil exportou 183,2 mil tons de algodão nas três primeiras semanas de novembro/22. O volume já supera em 10% o total embarcado em novembro/22 (166,4 mil ton).

Preços do Algodão – Consulte tabela abaixo:

Boletim Abrapa 25 de novembro de 2022
Foto: Abrapa

 

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